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"As decisões rápidas estão se tornando cada vez mais importantes": Raphael Yue, CEO da Sophus, fala sobre o uso de tecnologias na gestão de supply chain

Por Gabriela Medrado em 25 de novembro de 2025 às 8h10
"As decisões rápidas estão se tornando cada vez mais importantes": Raphael Yue, CEO da Sophus, fala sobre o uso de tecnologias na gestão de supply chain
Raphael Yue, CEO da Sophus. Foto: Arquivo / Raphael Yue
Raphael Yue, CEO da Sophus. Foto: Arquivo / Raphael Yue

O cenário de supply chain está mudando cada vez mais rápido, e empresas de todo o mundo têm investido em tecnologias para auxiliar no gerenciamento de cadeias logísticas e na tomada de decisões mais rápidas e assertivas. Os softwares de abordagem top-down, que oferecem centros de tomada de decisão integrados, com opções de otimização de custos, identificação de oportunidades, customização de rotas e design de operações estão despontando como soluções cada vez mais procuradas.

A Tecnologística conversou com Raphael Yue, CEO da Sophus, startup de software para design e otimização de redes de supply chain. A empresa atende grandes empresas como Goodyear, Midea, Porsche, IBM e Grupo Boticário, e foi convidada e apoiadora do evento Supply Chain Network Design na FEI em 21 de outubro.

A solução da Sophus oferece às lideranças de logística e supply chain ferramentas para planejar a produção a partir de predições de demanda; gerenciar estoques; realocar operações após interrupções, sobrecargas ou fechamentos de fábricas; fazer o roteamento dos transportes de forma precisa e eficiente; e identificar oportunidades de redução de custos.

Confira o nosso bate-papo com o executivo sobre o uso de tecnologia na gestão de supply chain:

 

P: Você fala bastante sobre a diferença entre uma abordagem holística e integrada para a cadeia de suprimentos versus uma "mentalidade de silo" que ainda é predominante em muitas empresas. Pode explicar essa diferença?

Quando uma empresa é pequena, uma startup, e surge um departamento de finanças, depois um departamento de logística, um departamento de vendas e por aí vai. Há pouca gente e cada um faz o seu melhor. Mas quando se alcança uma certa escala, e a empresa chega a 10 mil funcionários, muitos clientes, grandes redes, prédios, armazéns, e ainda se opera em silo, isso se torna um problema.

Em logística a principal preocupação é reduzir custos. Mas as pessoas no planejamento se importam com reduzir inventário, enquanto as pessoas na produção se importam com eficiência, produzir o máximo possível. O armazém não quer receber grandes caminhões cheios de produtos de uma vez só, mas a logística não gosta disso. Esse é o pensamento em silo. Quando uma empresa é grande e tem tanta complexidade, cada um pensa em si e em seus KPIs, o que torna um problema tomar decisões. As pessoas se juntam em salas de reunião para discutir quem está certo, e cada uma tem seu argumento e não está errada, mas com todo mundo junto está errado. É por isso que uma decisão unificada é importante, e muitas empresas hoje em dia não tem isso.

Quando uma empresa chega a um certo tamanho, ela tem que ter pessoas que possam tomar decisões centralizadas para a companhia, e não para um único departamento. É para ajudar nesse problema que criamos esses software [Sophus]. 

 

P: Quando se integra um novo software nas operações de todos esses departamentos diferentes, é uma abordagem centrada na tecnologia, certo? Como colocar toda a equipe a bordo?

Ótima pergunta. Então, existe a abordagem tradicional, em que as empresas oferecem soluções que funcionam como um grande suite de softwares que tentam se integrar em uma única plataforma. O desafio é que essas soluções foram construídas em arquiteturas de software criadas anos atrás. Muito pesadas, complexas, e levam anos para serem implementadas. No final, vira uma grande bagunça, ninguém está integrado de verdade e os departamentos ainda têm que discutir entre si.

Quando finalmente se implementa, o sistema já está ultrapassado e é preciso começar tudo de novo, e os departamentos também estão mudando. Então sim, é difícil, e é por isso que estamos buscando oferecer algo mais fácil e simples de usar, uma solução plug and play.

Se você precisa de uma casa, ao invés de tentar construir toda a casa do zero, talvez seja melhor viver em um trailer que já vem pronto, é só conectar a eletricidade e a água. Não é perfeito, mas você já tem algo pronto para morar ao invés de esperar anos. Essa é a nossa abordagem: algo rápido, fácil e plug and play.

 

P: Como foi desenvolver um software com essa nova abordagem?

Eu acho que a lógica é incorporar essa mentalidade desde o início do desenvolvimento. No software tem cerca de 3 mil colunas de dados ou elementos. Imagine que isso é uma rede de data points. A maioria das empresas não precisa dos 3 mil pontos, algumas empresas precisam de 100, outras de 50, mas nós oferecemos as 3 mil para que o cliente possa conectar novos pontos e fazer funcionar. É uma abordagem em unidades encapsuladas em que o cliente escolhe o que usar.

 

P: Muito é falado sobre a importância da otimização de processos e custos. Para você, qual o fator mais importante quando se trata de otimização de custos?

O roteamento é uma parte muito importante da logística: levar os produtos até o cliente no nível certo e com o custo ideal. É um serviço que oferecemos como parte da solução. Eu acredito que um dos desafios é que empresas diferentes têm necessidades diferentes para roteamento. Às vezes se utilizam caminhões próprios, às vezes se utilizam caminhões de empresas terceirizadas, em algumas ocasiões é preciso considerar não só os veículos mas também os armazéns e outros fatores.

É aí que a abordagem plug and play realmente funciona, porque você pode customizar as colunas de acordo com suas necessidades.

 

P: Para você, como o Brasil está posicionado nessa corrida por melhores alternativas para o gerenciamento da supply chain?

Nós começamos no Brasil no ano passado trabalhando com a FEI e entendemos que o Brasil é bastante único em termos de complexidade das cadeias de suprimentos, por causa de impostos, taxas e outras questões. O que é interessante para mim é que quando vou para os EUA ou para a Europa observo que muitos dos líderes de gestão de supply chain em grandes empresas internacionais vêm do Brasil. Porque país é como se fosse um "campo de batalha" quando se trata de complexidade nas cadeias de suprimentos. 

 

P: De certa forma é algo como "quem consegue fazer funcionar no Brasil consegue fazer funcionar em qualquer lugar".

Exatamente. O país se tornou um grande campo de treinamento para profissionais, o que eu considero um sucesso. É um local importante para a Sophus ter uma maior adoção, porque há muitos desafios a serem resolvidos. Se conseguirmos resolver desafios no Brasil, podemos resolver desafios para outros países, é um bom termômetro.

Os EUA, por exemplo, são um país mais maduro, mais estruturado, mas também está mudando. Há mudanças importantes acontecendo nos países desenvolvidos e novos cenários estão se apresentando, então acho importante aprendermos. new scenarios coming up so those tomato, so I think what's what if people learn from Brazil and will also help a lot for this developed countries too. 

 

P: Estamos vivendo em um mundo cada vez mais globalizado, certo? No momento temos muitas mudanças acontecendo no cenário de comércio exterior com países aplicando novas taxas de importação. Como você acha que isso impacta no gerenciamento da supply chain?

As cadeias estão tão interconectadas e tudo está mudando tão rápido. Vinte anos atrás também era bastante interconectado, mas não havia tantas disrupções. Hoje em dia é mais interconectado, mas há muito mais disrupções. O que vemos aqui, especialmente nos últimos 2 anos, é que infelizmente as pessoas estão olhando mais para o curto prazo do que para o longo prazo. As decisões de curto prazo estão se tornando cada vez mais importantes, as pessoas não podem esperar uma resposta daqui a um ano, elas precisam de uma resposta na semana que vem, ou no mês que vem.

E essa necessidade está incentivando as tecnologias a se adaptarem. É por isso que queremos tornar nosso software cada vez mais user friendly e flexível, para nos adaptar às novas exigências do mercado. Acredito que IA e outras coisas vão ajudar, e tem sido nossa força até hoje.

 

P: Você acredita que o uso de tecnologia pode ajudar nesse cenário de decisões mais rápidas?

Sim. Não é perfeito, como nada é perfeito. Mas é como a metáfora que usei mais cedo: você pode construir uma casa em dois anos, e talvez seja até perfeita, mas você não pode esperar tanto. Aqui está um trailer que já está pronto para morar, você pode se mudar em poucas semanas. Não é perfeito, mas é bom o suficiente e é possível melhorar aos poucos. É a essa realidade à qual estamos nos adaptando.

 

 

 

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