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Acidentes com veículos de cargas custam mais que os roubos, revela pesquisa

Por Redação em 14 de agosto de 2006 às 15h15 (atualizado em 28/04/2011 às 10h04)

Pesquisa realizada pelo CEL/Coppead mostra ainda que maioria dos acidentes ocorre em estradas com boa pavimentação

Pesquisa realizada pelo Centro de Estudos em Logística (CEL), do Coppead/UFRJ e apresentada na íntegra hoje pela manhã na abertura do XII Fórum Internacional de Logística, no Rio de Janeiro, revela que os prejuízos causados pelas perdas de cargas em acidentes nas rodovias brasileiras somam R$ 2 bilhões a cada ano, resultado de cerca de 200 mil acidentes, que matam por ano 34 mil pessoas, considerando apenas os acidentes envolvendo veículos de carga. Este custo é mais que o dobro do causado pelos roubos de cargas, cujas despesas anuais somam R$ 700 milhões, com número de mortes “desprezível”, segundo declarou o professor Paulo Fernando Fleury (foto), diretor do CEL, que apresentou a pesquisa.

O número de caminhões envolvidos é de 1.200/ano, contra 18 mil veículos de passeio, sendo que o número de mortes nos acidentes envolvendo caminhões é 12 vezes maior do que o dos carros.

“E o que é feito a respeito destes números assustadores? Rigorosamente nada”, acrescenta Fleury, dizendo que a principal causa deste elevado índice é a pressão por fretes e o excesso de oferta de transporte causado pelo alto número de caminhoneiros autônomos atuando no país. “É fácil ser caminhoneiro no Brasil, não há barreira de entrada. O sujeito perde o emprego, compra um caminhão e sai oferecendo frete, obviamente com custos menores que os praticados pelo mercado, forçando os fretes para baixo. E também aceita condições e práticas não recomendadas, como excesso de peso e jornadas longas, o que acaba reduzindo a segurança”.

De acordo com o professor, que faz parte do grupo ligado à ANTF que irá dar sugestões ao Plano Nacional de Transportes e Logística (PNTL) do Governo Federal, a solução para o problema é a responsabilização das empresas embarcadoras, as donas da carga, que deveriam responder civil e criminalmente pelos acidentes. “Hoje, quando há um acidente, o responsável é o motorista, e quem arca com os custos são os seguros, o que acaba aumentando o custos das transportadoras, e a União, no caso das mortes ou custos hospitalares. Isto tem que mudar, e vamos fazer uma sugestão de encaminhamento no PNTL sugerindo ao congresso que crie uma lei de responsabilidade para as embarcadoras”, adiantou.

Segundo ele, num momento em que tanto se fala em governança corporativa e responsabilidade social, é inadmissível que esta situação perdure. “34 mil mortes por ano – sem contar os incapacitados direta e indiretamente – são quase 100 pessoas por dia, ou seja, um Boeing lotado a cada 36 horas com todos mortos a bordo. E o que se faz a respeito é zero”, acrescenta.

Outro dado surpreendente da pesquisa é que o maior número de acidentes (85%)  ocorre em estradas com boa pavimentação, onde os veículos desenvolvem maior velocidade. “A conjunção do bom piso com a má sinalização nas rodovias, falta de fiscalização e mau estado dos veículos é fatal”, afirma Fleury. Segundo a pesquisa, as maiores causas de acidentes são a falha humana (85%) – causada pelo cansaço e altas velocidades, e a má conservação dos veículos e excesso de peso. “Melhorar o piso sem melhorar o restante só faz aumentar o número de acidentes”, conclui o diretor do CEL.

Números assustadores

De acordo com a pesquisa, os principais focos de acidentes são as BRs 116 e 101 que, juntas, representam 40% dos acidentes que ocorrem no país. O custo total considerando prejuízos à vida, que somam R$ 4,75 bilhões, perdas materiais (R$ 2,015 bilhões) mais R$ 450 milhões de outras despesas, totalizam mais de R$ 7 bilhões.

O ranking dos estados com maior número de acidentes e mortes são, ao contrário do que se pensava originalmente, aqueles mais ricos e com melhores estradas: Minas Gerais, com 18% do total de acidentes e 20% das mortes (acidentes mais letais); São Paulo, com 11% dos acidentes e 6% das mortes; Santa Catarina, com 10% e 10% respectivamente, e o Rio de Janeiro, com 8% e 6% respectivamente.

Dos veículos envolvidos nos acidentes, a idade média é de seis anos em caminhões de frota, 11 anos nos agregados e 13 anos no caso de veículos de carreteiros.

A pesquisa foi realizada pelo CEL com base em três fontes: Os dados da Polícia Rodoviária Federal; dados da Pamcary – empresa especializada em gerenciamento de riscos; e dados de órgãos internacionais, sempre relativos ao ano de 2005.

Leia mais sobre a análise dos acidentes de transporte rodoviário de cargas no Brasil e acompanhe a cobertura completa do Fórum na edição de setembro da Tecnologística.

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